
Voluntariado… Porquê?
A Mima é da Eslovénia e foi uma voluntária de longa duração em Lisboa durante 2019. Sentamo-nos no jardim de Estrela e falamos sobre a aventura excitante que um projeto de voluntariado pode ser enquanto pavões cantavam ao fundo, parecendo que por vezes também eles queriam ser entrevistados.
O que te inspirou a ser voluntária?
Eu era voluntária na Eslovênia antes de me candidatar a Lisboa. Na altura descobri que o podia fazer no estrangeiro e fiquei entusiasmada porque me pareceu uma oportunidade muito boa. A primeira vez que ouvi falar deste programa estava em Portugal a fazer Erasmus na Universidade. Alguns anos mais tarde, quando me candidatei a ser voluntária de CES, estava numa fase da minha vida em que queria fazer algumas mudanças. Então vi esta oportunidade fantástica, candidatei-me e consegui.
O que fazias na Eslovênia quando eras voluntária?
Ajudava crianças imigrantes com a linguagem Eslovena, e às vezes fazia voluntariado em festivais.
E como te surgiu a ideia de fazer voluntariado na Eslovênia?
Eu sempre quis contribuir para a comunidade porque é uma forma fantástica de ajudar os outros. Além disso, é uma boa ocasião para aprender e conectar com outras pessoas.
O que fazias na Associação Mais Cidadania?
Quando eu cheguei em janeiro de 2019 fui durante cerca de um mês a única voluntária AMC. Por isso, contribuía para as redes sociais e visitava algumas escolas. No entanto, o meu projeto principal era o “Local and International Active Seniors”. Tinha como objetivo integrar cidadãos sênior na sociedade e na vida social através do voluntariado. Eu adorei este projeto! Adorei o conceito e aprendi imensas novas capacidades.
O que gostavas mais no teu voluntariado?
Eu adorei a ideia de estar a fazer algo através do qual outras pessoas podiam beneficiar, e depois ver os resultados do meu trabalho. O que eu gostei mais foi quando os voluntários sênior do Reino Unido e da Letônia vieram a Lisboa e partilharam as suas experiências. Também lhes mostrei a “minha Lisboa” – como eu vejo a cidade, o que faço aqui. E, no fim de tudo, também houve bastantes momentos memoráveis durante o meu voluntariado para além dess.
Desenvolveste algum projeto pessoal?
Sim, desenvolvi. Foi a projeção de um filme documental sobre os rios dos Balcãs. Inicialmente queria fazer uma série com este tipo de eventos; queria de este tipo de eventos; queria dedicar um mês aos filmes documentais, com um filme por semana. No entanto, no fim decidimos ter apenas um documentário. Foi apresentado no dia 5 de dezembro, durante o aniversário da Associação Mais Cidadania. Adorei o evento, e acho que as pessoas também gostaram.
E porque escolheste esta temática para o teu projeto?
Porque eu sou bastante apaixonada pela proteção dos rios. Eles estão a enfrentar destruição através das barragens elétricas para a produção elétrica. Os últimos rios selvagens da Europa estão a ser destruídos agora. Eu sinto-me bastante conectada com este tópico porque durante toda a minha vida vivi próxima da natureza, e os rios sempre foram parte da minha vida. Na altura que decidi ter este tópico como foco do meu projeto pessoal senti que, como estava bastante longe de casa, seria nostálgico para mim. Por outro lado, também quis mostrar às pessoas aqui o que é que estava a acontecer no outro lado da Europa.
Tinhas algum receio antes de te mudares para aqui?
Eu não tinha nenhum medo em relação a morar noutro país, mas tinha um tipo diferente de receio. Já tinha estado em Lisboa anteriormente, e tinha receio que a experiência que ia ter não fosse semelhante – talvez pudesse ficar desapontada. Estive aqui em Erasmus 6 anos antes do meu voluntariado começar. Eu adorei o meu Erasmus Universitário, foi uma da melhores experiências da minha vida, e estava receosa que talvez me arrependesse de voltar. Claro que, no fim, não me arrependi nada, e fiquei muito feliz por esta escolha.
Portugal foi a tua primeira experiência de viver no estrangeiro?
Durante uma longa duração sim, mas já tinha passado um mês em França quando tinha 17 anos numa formação linguística. Foi uma experiência muito boa porque me abriu os olhos para as possibilidades que podia ter. Como era bastante jovem foi bastante especial para mim. Depois a minha segunda experiência de viver no estrangeiro foi o meu Erasmus durante a Universidade, em 2013
O que sentes mais falta da Eslovénia?
Sinto falta dos meus amigos e família, e da natureza também. A Eslovênia é muito verde, e eu sinto falta de viver próxima da floresta. Também sinto falta de alguma comida e de alguns sabores, como por exemplo couve-repolho em pickle.
E que tipo de impacto o voluntariado teve na tua vida?
Fez-me perceber que nunca és demasiado … para alguma coisa. O que quero dizer é que nunca és demasiado velha ou nova para fazeres o que queres fazer. Só tens de ser corajosa e embarcar naquilo que quiseres.
Tens algum conselho para as pessoas que vão ler esta entrevista?
Se quiseres fazer alguma coisa, fá-lo simplesmente! Tens esse desejo por algum motivo, e no fim não te vais arrepender, mesmo se acabares por errar! E tenta aprender com as pessoas. Durante um projeto de voluntariado vais conhecer imensas pessoas, e nem todas vão fazer o teu gênero, mas todas têm algo bom com que podes aprender.
Entrevista feita pela voluntária Dóra Biricz enquadrada no projeto #cidadania a 14. 05. 2020.