
Voluntariado… Porquê?
Até aqui, as histórias de voluntariado que conhecemos foram contadas pela também voluntária internacional Dóra Biricz. Hoje, é tempo de inverter os papéis! Falámos com a Dóra pelo computador, e tentámos perceber um pouco melhor como está a ser a sua experiência, mas também como é que estas entrevistas têm influenciado a sua visão do que é ser voluntário.
O que te motivou a tornares-te voluntária?
Eu tinha uma amiga da escola secundária que se candidatou para fazer um SVE depois da sua licenciatura. Costumávamos encontrar-nos regularmente, e um dia ela simplesmente disse que se ia mudar para Espanha na semana seguinte! Fiquei sem saber o que se estava a passar à minha volta! Visitei-a quando ela estava a fazer o seu SVE em Espanha e ela apresentou-me a associação em que estava a fazer voluntariado. Foi muito entusiasmante perceber que ela estava num sítio bom, a fazer imensos amigos e a passar um tempo fantástico.
Naquela altura estava a fazer o meu mestrado e decidi que queria fazer Erasmus porque pensei que era mais ou menos a mesma coisa: posso mudar-me para o estrangeiro, estudar e explorar outras culturas. No entanto, quando me estava para candidatar, consegui um trabalho no museu. Como esse era o meu outro sonho, tive de escolher entre os dois.
Decidi aceitar o trabalho e trabalhei lá durante dois anos, mas continuei a achar que me estava a faltar algo. Continuava a querer ter esta experiência de Erasmus! Candidatei-me para vir para aqui, e foi assim! Não conhecia nada sobre Portugal e nunca sequer tinha pensado vir para aqui. Simplesmente fui aceite para este projeto, fiz as minhas malas e vim!
O que querias alcançar com a tua experiência de voluntariado?
Eu queria experienciar outras culturas, outros países. Eu sabia que adorava o trabalho que estava a fazer na Hungria – adoro trabalhar com crianças, os jovens são sempre tão carinhosos! E eu sabia que queria fazer algo de bom por eles também. Aqui pareceu-me fantástica a ideia de que podia continuar a fazer as mesmas coisas, algo de bom pelos jovens, e ao mesmo tempo podia aproveitar a experiência de viver no estrangeiro.
Estas entrevistas sobre voluntariado motivaram-te a ter um projeto pessoal?
Sim, inspiraram-me a escrever a história da Mais Cidadania. E quero fazer mais entrevistas. Na verdade, estas entrevistas foram as primeiras que fiz em toda a minha vida. Sinto-me como um cachorrinho que finalmente aprendeu a ladrar!
E como foi ouvir todas aquelas histórias diferentes dos voluntários?
Senti que me passei a conhecer melhor a mim própria também. Quando eles estavam a falar das suas expectativas e motivações achei imediatamente “olha, temos algo em comum!” porque eu também sentia o mesmo. Percebi que há muitas coisas em comum entre as pessoas que decidem ser voluntárias.
Entrevistaste voluntários antigos e também atuais. Notaste algumas diferenças ou curiosidades entre eles?
Alguns deles já tinham passado pela experiência completa e puderam relembrar tudo aquilo que fizeram – as coisas boas, as que podiam ter corrido de uma maneira diferente… E as outras pessoas ainda têm a possibilidade de tornar isto numa experiência fantástica. Têm tantas portas abertas, só têm de entrar e fazer coisas!
Estas conversas motivaram-te a fazer alguma mudança na tua experiência de voluntariado?
Eu gostei do que a Dusica disse, de que ela sente que podia ter feito mais com o seu voluntariado. Eu comecei a fazer uma lista das coisas que ainda quero fazer e sentir. O que quero dizer é que eu quero preencher a minha experiência de voluntariado com imensos sentimentos. Tivemos estes dois meses de quarentena, portanto sinto que já perdi dois meses, e como tal quero fazer mais enquanto aqui estiver.
E as entrevistas mudaram a forma como olhas para o voluntariado em si?
Fizeram-me perceber que o voluntariado é mais importante do que eu pensava, porque pode ajudar bastante a sociedade, não só as pessoas que nós estamos a ajudar, mas as pessoas que fazem voluntariado também. Eu acho que é importante perceber que não são apenas as pessoas com quem lidamos que beneficiam do voluntariado, mas também as pessoas que o estão a fazer, todos podem ter imensos benefícios.
E quais são os planos para o futuro relativamente às entrevistas?
Gostava de as continuar. Acho que uma pausa de verão é boa, mas quero começar novamente no outono. Estava a pensar que poderia fazer entrevistas com os voluntários Portugueses que estão fora durante o verão, mas que voltarão entretanto!