
Voluntariado… Porquê?
O Jacobo é de Espanha e é voluntário de longa duração em Lisboa. A entrevista foi realizada em maio de 2020 em casa [dos voluntários internacionais da AMC] pois temos recomendações para ficar em casa por causa do Coronavirus. Sentámo-nos no sofá confortável da nossa sala de estar com um café e falámos do passado e dos planos para o futuro.
O que te inspirou a tornares-te voluntário?
Quando eu tinha 17 anos queria ser professor. Por causa disso comecei a ser mentor para crianças e assim ganhar experiência com elas. Comecei a voluntariar-me numa associação que ajuda as crianças nos seus estudos. No fim, ganhei experiência não só com crianças, mas também aprendi bastante sobre como as pessoas se conectam umas com as outras, e como nos melhoramos pessoalmente ao ajudar os outros. Este foi o meu primeiro projeto de voluntariado, e a partir daí mantive esse hábito – sou voluntário aqui, na Associação Mais Cidadania, e também na Amnistia Internacional. O voluntariado é uma oportunidade excelente não só para ajudar os outros, mas também para encontrares um rumo para a tua vida.
Porque é que quiseste ser voluntário?
Na altura em que me candidatei para ser voluntário do Corpo Europeu de Solidariedade eu estava a ajudar pessoas incapacitadas a serem independentes. Ajudava-as a lidar com o dinheiro e a movimentarem-se pela cidade. Gostei muito desta atividade de voluntariado, sentia-me recompensado e honrado.
O que fazes na associação?
Eu trabalho no centro de jovens +Skillz. Ajudo crianças e jovens com os seus estudos ou problemas. Estou a tentar ser um deles, como um irmão mais velho com quem podem ir ter se precisarem de ajuda. Divirto-me com eles e promovo um espaço onde se podem desenvolver e expressar pessoalmente, como por exemplo ao gravar música no estúdio.
E o que mais gostas de fazer no teu trabalho?
Existem aqui muitos momentos que eu realmente gosto! No princípio do meu voluntariado, um dos jovens veio ter comigo e pediu-me ajuda com os seus trabalhos de casa. Foi um momento memorável porque ele quase nunca quer estudar. No geral, eu gosto quando faço parte da sua comunidade. Por exemplo, quando jogamos às cartas juntos e podemos partilhar o momento.
Esta foi a primeira vez que te mudaste para outro país?
Não, quando eu tinha 16 anos mudei-me para Toronto, no Canadá. Estava a aprender e a praticar Inglês. No entanto, esta é a primeira vez que fui trabalhar para outro país, porque no Canadá estava apenas a estudar.
O que sentes mais falta de Espanha?
Sinto falta dos abraços. Em Espanha, quando estamos felizes ou simplesmente queremos dizer “olá”, abraçamo-nos sempre. Aqui, em Portugal, as pessoas são muito simpáticas, mas mantêm sempre alguma distância.
Tens alguns hobbies novos?
Comecei a fazer formações sobre desenvolvimento urbano. Já tinha pensado nisso antes de me mudar para aqui, mas agora, durante o tempo de quarentena, tive tempo para começar um curso. O meu outro hobby é aprender outras línguas não romanas, como Russo e Árabe.
Que tipo de impacto esperas que o voluntariado tenha na tua vida?
Quando cheguei a Portugal já sabia que ser voluntario na Associação Mais Cidadania teria um grande impacto na minha vida porque gosto da forma como a associação está a trabalhar. Estou a aprender bastante enquanto estou aqui. Sinto que sou parte da associação e estou a ter uma experiência fantástica.
Quais são os planos que tens para o resto do teu projeto?
É difícil pensar sobre o futuro por enquanto, tendo em conta que não sabemos se o +Skillz vai abrir em junho ou julho, ou como é que a situação vai ser resolvida com o uso de máscaras e luvas. Ainda assim, quero entrar em contacto e colaborar com outros voluntários que conheci durante a formação à chegada para voluntários a nível nacional.
E quais são os teus planos para quando podermos voltar a sair de casa?
Juntei-me a um clube de poesia que tem também pessoas de Moçambique e do Brasil. Estamos agora a fazer um livro que vai estar disponível brevemente e estamos a planear fazer programas para partilhar os nossos poemas. Além disso, estou a planear ir fazer escalada, que é um dos meus hobbies favoritos. Por fim, vou-me sentar e aprender português e, quando for permitido viajar, vou querer descobrir Portugal.
Tens algum conselho para as pessoas que estão a ler isto agora?
Muitas pessoas dizem que voluntariado é dar, mas eu não acho que seja assim tão simples. Quando és voluntário recebes tanto das outras pessoas! Os voluntários também recebem tanto durante os seus projetos: tornas-te mais confiante e mais confortável com a tua vida em geral. Os colaboradores das associações onde as pessoas estão a desenvolver o seu voluntariado vão-te guiar e dar ideias fantásticas. Por causa deles, ser voluntário é uma oportunidade fantástica e uma experiência maravilhosa.
Entrevista feita pela voluntária Dóra Biricz enquadrada no projeto #cidadania a 08. 05. 2020.