
Ilusão ou Desilusão?
Na Associação Mais Cidadania, todos os dias, contribuímos para a construção de um mundo mais igualitário, justo e solidário… esta é a nossa missão e está presente em cada projeto e atividade que desenvolvemos. Quando no dia 24 de fevereiro de 2022 fui sendo confrontada com o que estava a acontecer no nosso mundo, não quis acreditar. Tenho andado estes dias um pouco perdida. Em choque. “Afinal qual o objetivo do trabalho que fazemos? Para que serve promover debates e sessões de informação sobre os Direitos Humanos quando o mundo está assim? Temos feito tudo mal?”.
Eu sou assim. Questiono, questiono muito até chegar a “uma conclusão”. Ponho-me em causa. E duvido. Duvido muito. É o meu processo. E é assim que ao longo do meu percurso tenho criado oportunidades para melhorar, fazer diferente e para crescer. Claro que este crescimento não é algo linear, tenho dores de crescimento, muitas!
E depois destes dias de choque, dor, questionamento sobre o que faço e como faço, dúvidas sobre se devo largar tudo e ir… encontrei uma resposta (ou quase resposta)…
O objetivo do que fazemos na Mais Cidadania não passa por dar uma resposta de emergência, o nosso trabalho tem impacto a médio e longo prazo. É isso que a Educação para a Cidadania e a Educação para os Direitos Humanos faz. Construção de respostas para uma efetiva mudança, para um impacto profundo e duradouro.
Sentimos e analisamos a realidade, preparamos sessões de educação não formal para levar os jovens a partilhar opiniões e a debater pontos de vista diferentes, promovemos processos de educação de pares, criamos celeuma, moderamos debates e tertúlias, para que consigamos desenvolver um maior pensamento crítico. Para que cada pessoa desenvolva competências que lhe permita ler a realidade, interpretar o que acontece, identificar problemas e encontrar soluções.
Informar e Debater. Participar e Agir. Mudar e Impactar.
E aqui encontrei a razão de ser do meu trabalho. Encontrei (de novo) sentido na missão da Mais Cidadania: “Promover a Cidadania formando jovens para partilharem competências e capacidades ao serviço da comunidade e contribuir para o envolvimento responsável e ativo dos cidadãos na procura de soluções para os problemas da sociedade”.
Ilusão e Desilusão
Esperança nas gerações futuras. Enquanto mãe de dois filhos e com tudo o que tenho aprendido com as pessoas jovens ao longo do meu percurso profissional nas escolas, acredito muito nesta geração de jovens. Porque a geração que está no poder criou ilusão e desilusão.
Nós, adultos, temos de fazer a nossa parte, temos de acreditar, de apoiar e deixarmos de ser condescendentes e paternalistas. O poder transformador da juventude é grande, é imenso. E ainda bem.
E nós, Mais Cidadania, tendo consciência do lugar que ocupamos e do nosso papel vamos continuar a fazer a nossa parte: reconhecer e dar visibilidade à juventude, aproveitar os espaços de participação para promover a iniciativa democrática, a participação consciente e o exercício de uma cidadania plena, com a defesa dos DH no centro da nossa ação.
Maria Marques
Coordenadora da área de Cidadania